segunda-feira, 16 de agosto de 2010

JOAÇABA É UM BAIRO DE UMA CIDADE GRANDE

(Publicado no Jornal Cidadela em 11/08/2010)


Não, esta afirmação não é minha, é do Secretário de Administração da Prefeitura de Joaçaba, Ricardo Grando, verbalizada na reunião do Rotary Club do último dia 04/08.

A frase completa foi algo como: “Joaçaba é um bairro de uma cidade grande, e uma grande cidade da região”, e disparou ainda, pasme, “que Joaçaba nunca vai ser uma Chapecó”, além de ter destilado, a meu ver, um certo pre-conceito contra os não Joaçabenses que ainda querem con-tribuir para o desenvolvimento desta cidade.

Meu, este episódio me fez lembrar que enquanto existem pessoas querendo suscitar debates e idéias grandiosas para Joaçaba, infelizmente ainda existem alguns elementos em nosso meio querendo nos provar que parece que sua vocação é mesmo ser “um bairro de uma cidade grande”.

O Sr. Ricardo Grando é inteligente, de uma boa família tradicional, tem boa formação acadêmica, articulado e de fala hábil, do tipo que te xinga e você nem percebe. Foi remanejado da Secretaria de Saúde para a da Administração como o super-herói, o salvador da pátria para o saneamento das finanças e colocar ordem na casa administrativamente. Pelo menos foi assim que “comprei” essa estória.

Muito me impressionou tal declaração retranqueira e desesperançosa, vinda de um ente público em público. Quem não é daqui e que quer investir ou fixar residência, como muitos, vão pensar o que? Que Joaçaba é realmente uma cidade fadada à estagnação? Que não tem vocação para ser pujante? Que é a cidade das picuinhas? Sei lá meu, que estranho!

Aí eu fico pensando: será que em todos os lugares aonde o Sr. Ricardo vai, ao introduzir sua fala para nos convencer que os R$ 9 milhões que o município vai investir até o fim do ano em várias ações é muita coisa, ao passo de que o SENAI só na primeira fase da construção de sua nova escola aqui em Joaçaba, irá investir R$ 5 milhões, e para explicar que gerou de economia nas revisões de contratos, ele manda essa pérola? Para mim é uma pérola mesmo, já que até hoje não vi nenhum estudo que aponte que a nossa cidade não pode ou deva crescer.

Tá certo que o crescimento populacional de Joaçaba entre os anos de 2000 e 2007, segundo dados do IBGE, foi de apenas pífios 369 habitantes (de 24.066 habitantes para 24.435), e, com base nesse dado, não acredito que ultrapasse a marca dos 30.000 habitantes no Censo deste ano, mas também não quer dizer que com boas coisas acontecendo por aqui que futuramente possamos mudar este quadro, porque quando a população cresce, é um dos indicativos de que as coisas vão bem.

Viu, ocorreu-me agora e mudando um pouco de milagre, mas não do Santo, o seguinte: já vinha bolado com o Sr. Ricardo quando soube no início de nossas participações na administração, de que o mesmo havia contratado um projeto para a reforma do prédio central da secretaria da saúde que está para ser inaugurado, mas há poucos dias chegou aos meus escutadores de rock, que este projeto com acompanhamento técnico custara cerca de R$ 12.000,00.

Sempre me questionei com algumas coisas do tipo: Porque ele não solicitou à minha secretaria para que desenvolvêssemos gratuitamente o tal projeto, já que nós desenvolvemos para a educação, obras, ação social, cemitério, bombeiros etc? Será que achou que não teríamos tempo? Era absolutamente necessária a contratação do mesmo? Quando ele fez a tomada de preços? Quais empresas participaram? Quem ganhou, já que não vi placa de empresa projetista nenhuma? Esse valor é compatível com o mercado, pois pelo que lá vi não foi construído nenhum prédio novo? Era necessário remunerar ninguém para acompanhar as obras já que a prefeitura dispõe de engenheiros saindo pelo ladrão? Também pelo que tenho ouvido, que o novo modelo padrão de PSF`s próprios do município está sendo desenvolvido pela mesma equipe que estava a sua disposição na época, então porque não nos foi solicitado o serviço?

Ele nunca me falou e também nunca o perguntei, mas com certeza ele deve ter tido seus motivos.

Mas voltando ao entamanhamento da cidade, o que realmente influencia para o não desenvolvimento de um municí-pio, no caso, Joaçaba, além da participação atuante da popu-lação no processo, é a falta de políticas públicas definidas nas diversas áreas de sua competência, transparência em algumas ações, obras estruturais e de grande envergadura como o que já sugeri aqui, incentivos para a fixação do homem no campo e para a retomada da agricultura como uma das principais eco-nomias do município, entre tantas outras, enfim, fazer uso da política em prol da sociedade acreditando que é possível. O resto é politicagem, você concorda comigo?

A opinião pessoal de alguém não pode ser colocada como condição para definição do rumo da cidade. Penso que a verda-de dele, nada mais é do que a sua verdade, assim, como a minha verdade é a minha verdade, e a sua é a sua, eu já abordei isso em outra ocasião. A sociedade organizada conjuntamente com o executivo e legislativo municipal, é quem devem estabelecer e definir o seu futuro. Ou isso já foi feito e eu ainda não sei? Se foi, peço desculpas pelos meus comentários.

A cada quinze dias, tenho passado quatro em Balneário Camboriú em busca de novas alternativas de negócios. É de se espantar com o movimento soberbo da construção civil, do mercado imobiliário, das grandes empresas que se instalam por lá, e aqui temos de ouvir certas pérolas. Éprácabá!

Já pensou se aparecesse um administrador público em algum momento da história de Balneário Camboriu e dissesse (ou diga) que a cidade não vai poder crescer (demografica-mente, economicamente, etc.), porque só possui 52 Km² de área territorial? Caraça!!!!

Pode até ser que Joaçaba seja pequena no sentido populacional, como mencionei antes, ou em virtude das dificuldades geográficas que ora está submetida, mas não querer ser pujante, economicamente aquecida, cidade das oportunidades, do futuro em consonância com sua bela história que jamais poderá ser esquecida, é o fim da picada.

Penso que ninguém quer ser como Chapecó, Balneário Camboriú ou qualquer outra cidade que seja. Joaçaba quer e tem que ser Joaçaba, tratada com respeito, esperança e admi-ração.

Não sei de onde o Secretário Ricardo Grando tirou essa história de Joaçaba ser um bairro de uma cidade grande. Acho que não pegou nada bem, ficou esquisito.

Quem sabe ele não quis fazer uma frase de efeito, como procurei fazer na minha fala da propaganda política da última eleição municipal, em que eu dizia: “Sou morador do centro, mas meu bairro é Joaçaba”, quando eu queria me referir que um vereador deve trabalhar por todos e não tão somente para uns, ou em outras palavras, fazer o bem, sem olhar a quem, em qualquer lugar?

Luiz Robério F. Dias
Arquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

9978-0960
Twuitter: LuizRoberio

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