terça-feira, 5 de outubro de 2010

OS CÃES LADRAM E A CARAVANA PASSA

(Publicado no Jornal Cidadela de 30/09/2010)



Novos ares têm soprado a meu favor, e direcionando minha nau para outro continente.

Já há alguns meses tenho dividido meu tempo, por questões estritamente profissionais, entre Joaçaba e Balneário Camboriú. Estou com uma duplicidade de domicílios, e esse vai e vem tem ficado cada vez mais recorrente. Meus compromissos profissionais têm me obrigado a realizar viagens constantes em busca do sustento da minha prole em outras praças, haja vista que Joaçaba encontra-se, no contexto geral, em um momento autofágico e ávida por reação, assim eu vejo.

Por este motivo, estou tendo grandes dificuldades para escrever meus textos. Para evitar a irregularidade nas minhas postagens e, em respeito a você, caro(a) leitor(a) que me tem prestigiado semanalmente, decidi transferir a continuação desta coluna.

Em razão de tal decisão, já comuniquei ao amigo Mário Serafim que, momentaneamente, precisarei abdicar deste espaço semanal que o mesmo gentilmente me disponibilizou.

Tenho muito ainda a discorrer sobre a nossa cidade. Cada assunto ao seu tempo. As informações chegam até mim por vários meios, inclusive com as valiosas contribuições dos meus fiéis colaboradores. O cordão umbilical ainda não será rompido.

Posso dizer neste momento, que no período em que aqui me manifestei, recebi diversos e-mails e uma ligação de pessoas que vêm acompanhando meus escrivinhamentos. Felizmente, 99% delas foram para elogiar, propor temas a serem abordados ou fazer denúncias sobre certos assuntos (que precisam ser melhor estudados para eu poder me manifestar). O corcunda sabe como se deita, entendeu?

Joaçaba tende a ser uma cidade promissora no futuro, no presente não. Vários fatores, a meu ver, corroboram para isso: forças ocultas, a baixa auto-estima de boa parte da sociedade, uma administração municipal que se revelou competente em campanhas eleitorais e que mais parece estar preocupada em ganhar eleições do que propriamente fazer com que Joaçaba seja uma nova cidade. A câmara de vereadores (que alias, tenho amizade com todos os vereadores), em função da posi-ção (ou não posição) dos nossos legisladores acerca de certos assuntos importantes, especialmente no que tange ao plano diretor e ao CDM (muito estranho isso). Até o Ministério Público ultimamente tem me causado estranheza na divergência de posições frente a certas situações, como por exemplo, a proibição de sons pelas escolas de samba, e nenhuma restrição aparente quanto ao recente rodeio.

É evidente que não sou dono da verdade, ou melhor do que ninguém. Já disse isso aqui várias vezes, mas não tenho rabo preso com ninguém ou com qualquer instituição ou entidade.

Manifesto apenas a minha posição pessoal sobre certos fatos, estando certo ou não. Sou transparente, não sou indeciso, não fico em cima do muro. Tenho posição firme. Certa ou errada, mas tenho, não sou vaselina.

Tão pouco fico escondido em castelos misteriosos, confabulando estratégias para influenciar decisões e os rumos da cidade, assim como não gosto também de birrinhas baratas de partidos políticos que ainda insistem na velha forma velha de se fazer política, e que nada de proveitoso agrega para a cidade. Isso tudo é postura de covardes, dos inimigos de Joaçaba, de lobos transvestidos de ovelhas.

Penso que a geração futura merece uma Joaçaba bem melhor do que temos hoje e como já foi no passado, especialmente livres de neoplasias malignas. Toda ondinha que os cidadãos de bem fizerem, no conjunto, vão criar um tsunami em prol do futuro desta cidade. Eu ainda acredito nisso.

Em relação ao título desta coluna, “Os cães ladram e a caravana passa”, revela um belo ditado árabe, contado da seguinte forma:

“Não importa o latido dos cães, não importa o barulho que façam, a caravana segue seu caminho apesar deles.

Existe uma estrela a ser seguida, um sentimento a ser preservado e nada vai impedir que a caravana siga seu rumo.

Mesmo que pare por alguns momentos, mesmo que alguns cães se julguem alimentados pegando os restos que caíram durante a passagem, a caravana segue seu rumo, mais fortalecida, mais coesa deixando cada vez mais longe o barulho dos cães esfomeados.

Uma caravana é feita de sonhos, de gestos, de atitudes, de longas vivências, de cumplicidade de sentimentos fortes, de amizade, de amor e de desejo.

Ela segue seu caminho, totalmente indiferente ao ganido dos cães enlouquecidos atrás de alguma cadela no cio.” (Sandra Nasrallah)

Não me interessa quem são os cães ou o tamanho da matilha. Eu sigo em frente com as minhas convicções, e como diz um ditado em uma certa cidade lá do sudeste, eu envergo mas não quebro!
 
 
Até breve amigo(a)!


Luiz Robério F. Dias
Arquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

Cel: 9978-0960
E-mail: luizroberio@globo.com
Twitter: @LuizRoberio
MSN: luizroberiodias@hotmail.com

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

MENTIRA NÃO É O ANTÔNIMO DE VERDADE. É CONTRADIÇÃO. VERDADE?

(Artigo publicado no Jornal Cidadela em 23/09/10)


Na verdade, o assunto de hoje é uma continuação do último artigo (quando a prática fica na teoria). Resolvi desmembrá-los para não haver conflitos epistemológicos entre os termos e, assim, evitar prejuízos em suas compreensões.

Mas quando tratei sobre teoria e prática, intrínseco ao texto estava a questão da mentira e contradição, que ora revelo.

Pelo que entendi nas minhas pesquisas internéticas, muitas pessoas consideram mentira como sendo o contrário da verdade (senso comum), inclusive eu. Não é nada disso e vou mostrar-lhe o meu ponto de vista sobre esse assunto, iniciando com a análise do seguinte versículo:

“Nenhuma mentira vem da verdade.” (1 João 2,21)

Partindo dessa afirmação bíblica, e sem querer debater sobre religião, por si só já definiria a questão suscitada: mentira não é o antônimo de verdade.

Ora, se mentira não é o antônimo de verdade, o que seria então? Intrigante a situação que me fez buscar outras explicações para tal impasse.

Intrigado, recorri ao Aurelhão para iniciar minha tese. Pesquisei sobre os seguintes significados que julguei, a principio, cabíveis: mentira, falsidade, verdade, omissão, contradição e divergência, em busca de dualidades que me fizesse chegar a uma conclusão (a minha).

Em linhas gerais, os resultados encontrados foram:

• Mentira: Ação ou efeito de mentir. Ludíbrio; falsidade; ilusão.

• Falsidade: Propriedade do que é falso. Mentira, calúnia. Hipocrisia; perfídia. Delito que comete aquele que conscientemente esconde ou altera a verdade.

• Verdade: Identidade de uma representação com a realidade representada; exatidão, autenticidade: verdade histórica. O que é certo, verdadeiro: quer sa-ber a verdade. Princípio certo, constante; axioma: ver-dade matemática. Boa-fé; sinceridade: falar com verdade. Expressão fiel da natureza: retrato de grande verdade. Em verdade ou na verdade, certamente, se-guramente, decerto.

• Omissão: Ato ou efeito de omitir. Falta, lacuna. Falta de ação no cumprimento do dever; inércia; desídia.

• Contradição: Ato ou efeito de contradizer(-se). Incompatibilidade entre alegações atuais e anteriores, entre palavras e ações: cair em contradição. Oposição, objeção. Espírito de contradição, disposição de contra-dizer incessantemente. Lógica, Princípio de contradi-ção, o princípio segundo o qual uma coisa não pode ao mesmo tempo ser e não ser; a regra que dá como ca-ráter da verdade a exclusão de toda contradição. Sem contradição, incontestavelmente.

• Divergência: Discordância, desacordo.

Nossa! Dentre tais definições, pude concluir que a mentira e falsidade podem ser consideradas sinônimas. Omitir algo, não significa necessariamente mentir. A contradição, além de parecer sinônimo de divergência, na parte que nos explica que “a regra que dá como caráter da verdade a exclusão de toda contradição”, me pareceu mais coerente e apropriada a aceitar contradição como o antônimo de mentira, especialmente quando na seqüência da pesquisa, me deparei com alguns depoimentos de estudiosos em comportamento verbal, que apontam para que mentiras, promessas não cumpridas e omissões podem ser compreendidas quando se investiga a relação entre o comportamento verbal, o que se diz (discurso), e o comportamento não-verbal, o que se faz (ação).

Ora, se isso realmente é verdade, então verdadeiro é afirmar que mentira é deixar de realizar algo que se diz (ação). Isso seria “a mentira”, o antônimo de verdade. Em outras palavras, contradição é fazer diferente do que se promete, do que se diz (teoria – o que se diz; prática – o que se faz, lembra?).

A contradição significa que duas posições não podem ser verdadeiras simultaneamente e no mesmo sentido. Uma coisa, como visto, não pode ser e não ser ao mesmo tempo. E nada que é verdade pode ser auto-contraditório ou inconsistente com qualquer outra verdade. A lógica da coisa depende desse simples principio. Esse, a meu ver, é o ponto chave da questão.

Pode-se dizer que há uma dicotomia, que seria falar a verdade, ou seja, descrever de forma coerente fatos acontecimentos comportamentos ou contar mentira, que seria apresentar uma afirmação pouco adequada ou incompatível com o que, de fato, ocorreu. Tanto falar a verdade quanto contar uma mentira, são comportamentos aprendidos e mantidos pelas conseqüências que pro-duzem, em primeiro lugar, para aquele que fala.

Interessante também, o artigo “a função política da mentira”, de Valton de Miranda Leitão, psiquiatra e psicanalista (http://www.celpcyro.org.br/v4/html/funcaoMentira.htm). A mentira usada politicamente tem uma trajetória tão longa quanto a história da pólis no contexto de suas intrincadas relações.

Tal autor insinua que a ética não pertence ao núcleo da ciência política e dá à mentira um estatuto especial no seu corpo teórico, na medida em que concede ao gover-nante direito ao uso de “meios excepcionais” para alcançar os fins almejados. Curioso, não?

A minha coluna está acabando e esse assunto é muito complexo para ser fechado neste espaço, mas se nenhuma mentira vem da verdade (como visto no versículo), então, concluo a minha tese, a principio, verificando que ser contraditório é mais grave do que ser mentiroso.

Ou estou mentindo?


Luiz Robério F. Dias
Arquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

Cel: 9978-0960
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QUANDO A PRÁTICA FICA NA TEORIA

(Artigo publicanado no Jornal Cidadela em 16/09/10)

Esta semana estava navegando pelo blog http://napraticaateoriaeoutra.org/, um blog sobre política e afins, meio esquerdoso, social-democrata não-tucano (nem anti-tucano), que acredita que o PT (e a rede de movimentos sociais que o compõem), ainda pode ser salvo de si mesmo, isso tudo dito pelo próprio dono do blog, achei interessante arriscar a escrever algumas linhas sobre o assunto.

Esquivando-me dos embates teóricos quanto à definição de Prática e Teoria, defino aqui, Prática como sendo a realização de uma teoria concretamente, enquanto Teoria é o conhecimento especulativo, puramente racional.

Quem de nós nunca prometeu começar uma dieta “na próxima segunda-feira” e não começou? Ou quem já prometeu para si mesmo que vai largar o vício do cigarro e não larga? Ou ainda, na virada do ano novo, durante a queima de fogos, o noivo para enrolar sua noiva, promete se casar em agosto (a gosto de Deus).

Não é curioso observarmos o porquê que muitas das coisas em que os homens dizem, pensam em fazer ou pior, prometem fazer, não o fazem?

Bem, aprendi que muitos podem ser os motivos para que isso aconteça: Pode ser por preguiça, por motivos psicológicos, por falta de planejamento, por serem promessas intangíveis para alguns, por motivos financeiros e, entre tantos outros, o político.

Ah, o político. Muitas das coisas em nossas vidas envolvem a política, não necessariamente a política partidária, mas a política do ponto de vista da estratégia e da negociação.

Vamos a um exemplo prático. Quando os galhos da árvore do seu vizinho invadem seu terreno e começa a sujar seu quintal, para que não haja desentendimento entre as partes, é necessário de que o incomodado bole uma estratégia para abordar o incomodante a fim de negociar a poda dos galhos sem conflitos. A isso, podemos dizer que é a política da boa vizinhança.

Se no caso do exemplo supra, a poda dos galhos da árvore for mais importante do que a manutenção de um convívio salutar e harmonioso com seu vizinho, então temos aí política da anarquia, da má educação, da falta de bom senso.

De uma forma ou de outra, a política, seja ela qual for, está sempre presente em nossos cotidianos.

Agora, quando a política é a partidária, aí fedeu! É na política é onde mais ouvimos promessas que muitas vezes, mais muitas vezes mesmo, não são colocadas em prática, e acabam ficando na teoria, não é mesmo?

A necessidade do poder pelo poder leva os políticos ao descrédito, por conta das promessas não cumpridas. Isto é a prática.

Estamos no período eleitoral onde é possível observarmos na TV que ainda existem alguns candidatos que nem sabem ao certo as atribuições do cargo a qual pretende se eleger. Tenho o privilégio de poder assistir também a propaganda eleitoral do Rio Grande do Sul e São Paulo. Fico pensando quantas daquelas propostas sairão da teoria e se tornarão em ações concretas.

No nosso caso caseiro, temos uma administração municipal que tem um plano de governo a ser cumprido. A sociedade aguarda e espera acreditar, que as promessas feitas na campanha pelo prefeito Rafael Laske, não fiquem no campo da teoria.

Algumas promessas contidas no tal plano de governo, têm gerado grandes polêmicas em nosso meio, tais como o Juros Zero que o prefeito Rafael andou noticiando nesta semana de que irá implementá-lo no próximo ano e o incentivo a proteção dos animais.

O Juros Zero, um projeto bom na teoria, visa oferecer suporte aos pequenos empreendedores em contraírem pequenos empréstimos em bancos, e com os juros bancados pela prefeitura. Ora como é de conhecimento público, o diminuto poder de fogo financeiro da administração tende a tornar tão boa iniciativa em difícil execução prática, ou seja, tende a ficar na teoria. É preciso que este projeto seja sustentável e uma ação contínua blindada dos costumeiros cortes financeiros quando o bicho pega no paço municipal.

Em relação ao incentivo a proteção dos animais, o modus operandi por aqui, é autorizar o funcionamento de circos e rodeios com uso de animais, contradizendo a prática (promessa de campanha), ou seja, também teoria.

Para que Joaçaba possa ser efetivamente uma nova cidade, é preciso muito mais do que ações convencio-nais, teóricas ou comprometidas com “forças ocultas”, como em alguns casos dá impressão.

A sociedade espera muito de seus governantes e ficam na expectativa de que algo bom vai acontecer. Nenhum político é perfeito, evidentemente, mas ele está ali pra ser aprovado ou não pelos cidadãos. Por isso é importante, se não puder fazer tudo que pedem, que ao menos concretize tudo o que fora prometido em campanha.

Não existe um político teoricamente bom. Não existe município teoricamente bem administrado. Não existe sociedade teoricamente satisfeita. Não existe isso de eu dizer que teoricamente vivo. A teoria tem que se concretizar na prática. A prática não pode ser a teoria. Porque ainda é tão longa a distância entre a prática e a teoria? Entre o discurso e o concreto?

Na prática, você concorda que Joaçaba não pode ser teoria?


Luiz Robério F. Dias
Arquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

RELATOS DA MINHA ÚLTIMA SEMANADA

(Publicado no Jornal Cidadela em 09/09/2010)



Esse texto foi escrito ainda sob a ressaca da minha última semanada, que incluiu o feriadão, portanto, não reparem em eventuais equívocos.

Bem, desde o dia primeiro de setembro estou em Balneário Camboriú, mas não em férias ou passeio (quem me dera), mas a trabalho. É verdade, dando um duro danado trabalhando.

Contatos que realizei durante os meus 22 dias que passei estagiando no Rio de Janeiro no último mês de maio, conjugada com a minha formação de arquiteto e agora também com a de consultor imobiliário, me rendeu uma contratação temporária junto à empresa GSP Loteamentos (www.gsp.com.br), a maior empresa lotea-dora do país com sede na cidade de Ourinhos (SP), para trabalhar no pré-lançamento de um condomínio de alto padrão, mais especificamente, o Condomínio Parque do Lago – eco village, com exclusivos 179 lotes. Chique do último.

Para iniciar, estou hospedado na Pousada do Marquês (www.pousadadomarques.com.br), pousada 5 estrelas, na bucólica e agreste praia das Taquaras. Da minha sacada vejo o mar que inspira o iniciar do meu dia, e me relaxa no fim da exaustiva jornada diária de trabalho.

Do dia primeiro até o dia 03, estive em treinamento, juntamente com os demais membros da equipe (tem gente de Curitiba, São Paulo e Salvador, além dos locais, é claro), para conhecer melhor as particularidades do produto a ser divulgado e, obviamente, a ser vendido. Outra tarefa que tive de me virar rápido era a de cumprir com a minha cota de convidados vip`s para o evento que seria realizado do dia 04 ao dia 07, no Tedesco Marina Garden Plaza (www.tedescomarina.com.br).

O evento, o 3º. Festival Náutico incluía também a feira de serviços, imóveis e carros de luxo. Tal festival já é considerado o maior do sul e o terceiro maior do país, despertando o interesse de clientes de várias cidades brasileiras e também do exterior.

Durante o a feira o ritmo era alucinante. Cotas a serem cumpridas, clientes e mais clientes para serem atendidos. Uns educados, outros nem tantos e outros que se achavam demais importantes.

Eu perguntava: Bom dia, qual o seu nome? Aí vinha a resposta: Dr. Fulano de tal.

Ai meu Deus! Será que por detrás daquelas fachadas não teria alguém com a cueca furada, só tirando onda e me fazendo desperdiçar energia e o meu tempo?

Era engraçado ver os bacanas com seus chapéus de palha panamenha, alguns fumando cachimbos outros charutos, e as madames com seus exagerados números de adornos dourados (se eram todos de ouro eu não sei).

O pavilhão a nossa frente era os de carros de luxo. Volta e meio eu levava um susto com o barulho ensurdecedor de uma Ferrari que estava em exposição. Veja só, os caras querendo vender um carro com escapamento furado.

No nosso estande, a trilha sonora era o doce som dos estampidos do abrir das diversas garrafas dos frisantes Casa Valduga e Salton Lunae

Não pude almoçar durante os quatro dias de evento. Minha alimentação era o que tinha no regabofe que foi arregado de requintados canapés. Canapés de não sei o que de siri, não sei o que de camarão, caviar preto, caviar vermelho, e eu doido por um feijão com arroz.

Nos pouquíssimos momentos para falar coma família, me dedicava em ir até a margem do canal e ficava contemplando aquelas lanchas e iates maravilhosos com seus potentes motores de popa. Muito bonito, mas não gostaria de ter um se pudesse. Prefiro ser amigo de quem tenha o seu.

A nossa recepcionista thutcuca que tinha a função de distribuir os primeiros materiais de trabalho pelos corredores, levou um montão de cantada de caras que momentos depois passavam com a esposa a tiracolo.

Meu, mordomia total e eu ainda recebendo. Aqui é a cidade das oportunidades e negócios com retorno rápido para quem tem os contatos certos.

O trabalho que desenvolvi resultou em elogios pelo presidente da empresa e, ainda, como bônus, recebi uma proposta formal de trabalho daquelas de que quem tem mais de 40 anos não pode recusar. O aceite definitivo terá que passar pelo crivo de quem manda em mim, a minha querida esposa. Caso ela aceite as condições, aceitarei a proposta.

Hoje, quarta feira dia 08, estou aqui de plantão na se-de da empresa em Balneário Camboriú, dando seqüência aos negócios na feira iniciados, e com data de retorno ainda indefinida, pois tenho que re-contactar todos os clientes e triar quais deles são realmente clientes em potenciais para a seqüência do trabalho.

Meio a um atendimento e outro, escrevo estas linhas vivenciando uma realidade bem diferente da maioria de nós, tanto no sentido da velocidade em que as coisas acontecem (e que têm que acontecer), bem como vendo a facilidade em se fechar negócios envolvendo milhares de reais, mas sem esquecer das florzinhas do seu Fillipin.

Até a volta à nossa querida terrinha.

Luiz Robério F. Dias
Arquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

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QUEM SABE COM ESTA IDÉIA, NÃO SE CONSEGUE FINALMENTE CONCLUIR A RODOVIÁRIA?

(Publicado no Jornal Cidadela em  02/09/2010)


Em dezembro último, solicitei a uma técnica da secretaria de infraestrutura, a realização de um inventário completo dos terrenos vazios da prefeitura. Até então, ninguém sabia ao certo quantos eram, qual a área total do estoque de terras do município e tão pouco onde se localizavam.

Toda vez que era preciso localizar um terreno para estudo de viabilidade de algum projeto, era uma verdadeira epopéia. Coloquei um ponto final nisso.

A conclusão do inventário apontou para 52 terrenos (vazios, fora outros com construções que não eram objeto do inventário), com áreas a partir de 220,40m² a 11.272,88m² em diferentes pontos do município, totalizando uma metragem quadrada de 68.506,78m².

Agora sim, temos um cadastro confiável do estoque de terras da municipalidade. Agora é só dar seqüência no cadastramento e baixa no estoque para continuar o controle de forma organizada, e não se perder o exaustivo trabalho de consultas a plantas e cartório.

Há poucos meses atrás assistindo uma das sessões da câmara pela TV, vi quando o executivo solicitou ao legislativo, autorização para contrair um financiamento bancário (não me lembro agora exatamente o valor, mas isso não importa agora), me ocorreu uma idéia mas não sei se seria possível de ser executada, pois teria que consultar a procuradoria jurídica da prefeitura para ver da sua viabilidade.

Bem, a idéia seria a seleção de alguns terrenos não estratégicos para o município constantes deste inventário que realizamos, para a realização de um leilão a fim de levantar recursos, assim como é feito com os inservíveis de órgãos públicos e, dando um exemplo concreto, como fora feito com as máquinas velhas do parque de máquinas.

Deixar os terrenos ociosos como estão, é deixar a possibilidade de, aos poucos, serem invadidos o que não é impossível, face à “eficiência” do poder público, então porque não tornar alguns deles de bens passivos em ativos, que rendam alguma coisa?

Bem, considerando a legalidade do ato, os recursos auferidos com o leilão de uma meia dúzia de uns três ou quatro terrenos (forma de se expressar), penso que seria o suficiente para levantar um montante de uns R$ 2 milhões.

Assim, com este montante e livre de financiamentos bancários, de convênios com os governos estadual e federal, bem como sem necessitar de emendas de algum parlamentar que sempre aparece como o pai da criança, situações estas que têm sido o status quo das administrações convencionais, o executivo poderia muito bem e, por conta própria, usar estes recursos destinando-os a várias ações ou realizar uma grande obra em benefício da sociedade.

Veja, assim como na TV existem as novelas das 2h, da 6h, das 7h e das 9h, Joaçaba, infelizmente, também tem as suas novelas. É a novela da zona azul, do silveirão, da falta de espaço na área industrial, do cemitério, do quartel dos bombeiros no aeroporto, do plano diretor, e, entre tantas outras, existe também a da rodoviária.

Pois bem, como dito, a prefeitura poderia aplicar os recursos auferidos com o leilão das terras, por exemplo, na novela da rodoviária, especificamente para a execução da parte externa ao prédio (estacionamentos, floreiras, pavimentação, acessos, etc), e entregá-la devidamente concluída, em pleno funcionamento e em um curto prazo de tempo a sociedade, pois quanto mais demorar, menor ela vai ficar, já que vai nascer pequena, assim tem sido dito por aí.

Eu sei que o prefeito, de um jeito ou de outro, irá conseguir os recursos necessários para sua conclusão (se já não os tiver em mãos), mas entendo também que sem ações não-convencionais, inovadoras e, principalmente, descomprometidas com possíveis forças ocultas, como esta parece ser, dificilmente se conseguirá o aumento significativo da arrecadação de verbas para ações importantes e necessárias ao município, por mais convencionalmente economia se faça.

Aos meus olhos de leigo em direito público (ou administrativo, sei lá), penso que com esta idéia que ora estamos apresentamos a vossa análise, seja uma solução clara, não onerosa (pois não há necessidades de contrapartidas), e rápida para esta importante infraestrutura do município, pois outras obras dependem da conclusão desta, como, por exemplo, a reutilização da antiga rodoviária em um novo centro funcional-administrativo da prefeitura, para escapar de alguns alu-gueres.

Sim, eu sei, estou ciente que ninguém pediu a minha opinião, mas como vivemos num pais onde seu regime de governo é a democracia, sinto-me na obrigação, enquanto cidadão preocupado em contribuir no desenvolvimento de seu município, em me manifestar e não se omitindo das responsabilidades que me cabem. Não tenho medo de acertar ou errar. Não fico em cima do muro. Contribuir para com uma cidade cada vez melhor, não se faz só ganhando salário.

Finalizando, eu sempre tive a impressão de que aquele trabalho todo para concluir o inventário das terras ociosas do município, poderia servir para outras finalidades além de tão somente sabermos quais são, onde estão e qual a metragem quadrada total disponível.

Quem viu coerência na idéia e gostou, levanta o dedo!

Luiz Robério F. Dias
Arquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

“Minha rua NÃO tem nome”. A sua tem?

(Publicado no Jornal Cidadela em 19/08/10)


Estive dando uma olhada na lista de realizações que o prefeito divulgou que irá executar até o final deste ano e chamou-me a atenção de que o Projeto “Minha Rua Tem Nome”, criado por mim e desenvolvido por nossa secretaria em 2009, não está contemplado no rol dessas realizações.

Este projeto, em linhas gerais, visa à colocação de placas com as respectivas denominações dos logradouros, em 100% das esquinas da área urbana do município, iniciativa esta, inédita em 93 anos de história de Joaçaba.

Além da inexistência de identificação da grande maioria das vias e da ineficiência das placas atuais, entendi ser de extrema necessidade corrigir e viabilizar a população, visitantes e turistas, este equipamento urbano a fim de facilitar a localização dos logradouros para os serviços dos correios, tele-entregas, polícias, bombeiros, serviços de emergências e o que mais você quiser acrescentar nesta lista.

O conceito do projeto visa à diagramação limpa (fácil leitura, conforme as imagens abaixo), design moderno, formato assimétrico com dimensionamento otimizado (pensando na racionalização do aproveitamento dos materiais para ficar mais barato), emprego do brasão e as cores do município para ratificar as placas como patrimônio público e são refletivas para serem visualizadas a noite.

Modelo das placas de denominação das ruas


Detalhe das placas de denominação das ruas


Pelo nosso levantamento, identificamos a necessidade de 765 placas com um custo unitário de R$ 185,00 (valor da época, inclusive com instalação), totalizando o projeto em R$ 141.525,00.

Beleza, projeto concluído e valores apurados, faltava apenas correr atrás da grana. Para isso, eu poderia ter solicitado passagens aéreas, hospedagem, alimentação e diária para ir até Brasília “fazer um grau”, mas não, deixei o projeto pronto e fiquei aguardando uma oportunidade em que o Deputado Federal Odair Zonta do PP (parlamentar este que tenho boa aproximação), viesse a Joaçaba para que pudesse entregá-lo em mãos, o que de fato aconteceu em maio/2009, e que ele ficasse no compromisso de nos arrumar a verba necessária.



Entrega do projeto Minha Rua Tem Nome ao Deputado Zonta



Pois bem, o Deputado Zonta cadastrou o projeto na Secretaria Nacional de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, e em menos de 60 dias, o mesmo entrou em contato comigo avisando que a havia conseguido R$ 200 mil, para ser investido no projeto, e a diferença em outra ação em favor do município.

Pô! Fiquei contentão. O próximo passo seria licitar a empresa que iria fabricar e instalar as placas. Mas alguns dias depois, recebi uma ligação do Ministério das Cidades dizendo que um técnico do Ministério havia cadastrado erroneamente o projeto num programa onde não contemplava o uso do recurso com o mesmo, e que o mesmo teria que ser recadastrado num outro programa que o contemplasse, só que a grana já estava na conta da prefa.

Diante deste impasse, e, enquanto o Deputado Zonta bus-cava novamente os recursos, o vice-prefeito, até onde sei, decidiu por conta própria que iria utilizar a verba que já estava na conta para a execução das calçadas das Ruas Vereador Hamilton Antonio Rossin, aquela que vai da Reunidas até o Bairro Contestado e na Hamabile Falavigna, no bairro Anzolin.

Bem, a partir daí não sei mais em que pé está. Se o projeto não foi mais considerado importante, se a verba foi devolvida ou se estão providenciando sua execução para o próximo ano, se esqueceram do mesmo, ou porque a sua execução agora daria publicidade a um candidato a Deputado Federal que não é do DEM (o que neste momento não seria interessante para eles), ou porque é muito difícil de executar (?). Sei lá!

Só sei que a "minha rua não tem nome”, e imagino que “a sua também não”, e, pelo visto, este ano continuará não tendo.

Dois anos se vão em vão!


Luiz Robério F. Dias
Arquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

JOAÇABA É UM BAIRO DE UMA CIDADE GRANDE

(Publicado no Jornal Cidadela em 11/08/2010)


Não, esta afirmação não é minha, é do Secretário de Administração da Prefeitura de Joaçaba, Ricardo Grando, verbalizada na reunião do Rotary Club do último dia 04/08.

A frase completa foi algo como: “Joaçaba é um bairro de uma cidade grande, e uma grande cidade da região”, e disparou ainda, pasme, “que Joaçaba nunca vai ser uma Chapecó”, além de ter destilado, a meu ver, um certo pre-conceito contra os não Joaçabenses que ainda querem con-tribuir para o desenvolvimento desta cidade.

Meu, este episódio me fez lembrar que enquanto existem pessoas querendo suscitar debates e idéias grandiosas para Joaçaba, infelizmente ainda existem alguns elementos em nosso meio querendo nos provar que parece que sua vocação é mesmo ser “um bairro de uma cidade grande”.

O Sr. Ricardo Grando é inteligente, de uma boa família tradicional, tem boa formação acadêmica, articulado e de fala hábil, do tipo que te xinga e você nem percebe. Foi remanejado da Secretaria de Saúde para a da Administração como o super-herói, o salvador da pátria para o saneamento das finanças e colocar ordem na casa administrativamente. Pelo menos foi assim que “comprei” essa estória.

Muito me impressionou tal declaração retranqueira e desesperançosa, vinda de um ente público em público. Quem não é daqui e que quer investir ou fixar residência, como muitos, vão pensar o que? Que Joaçaba é realmente uma cidade fadada à estagnação? Que não tem vocação para ser pujante? Que é a cidade das picuinhas? Sei lá meu, que estranho!

Aí eu fico pensando: será que em todos os lugares aonde o Sr. Ricardo vai, ao introduzir sua fala para nos convencer que os R$ 9 milhões que o município vai investir até o fim do ano em várias ações é muita coisa, ao passo de que o SENAI só na primeira fase da construção de sua nova escola aqui em Joaçaba, irá investir R$ 5 milhões, e para explicar que gerou de economia nas revisões de contratos, ele manda essa pérola? Para mim é uma pérola mesmo, já que até hoje não vi nenhum estudo que aponte que a nossa cidade não pode ou deva crescer.

Tá certo que o crescimento populacional de Joaçaba entre os anos de 2000 e 2007, segundo dados do IBGE, foi de apenas pífios 369 habitantes (de 24.066 habitantes para 24.435), e, com base nesse dado, não acredito que ultrapasse a marca dos 30.000 habitantes no Censo deste ano, mas também não quer dizer que com boas coisas acontecendo por aqui que futuramente possamos mudar este quadro, porque quando a população cresce, é um dos indicativos de que as coisas vão bem.

Viu, ocorreu-me agora e mudando um pouco de milagre, mas não do Santo, o seguinte: já vinha bolado com o Sr. Ricardo quando soube no início de nossas participações na administração, de que o mesmo havia contratado um projeto para a reforma do prédio central da secretaria da saúde que está para ser inaugurado, mas há poucos dias chegou aos meus escutadores de rock, que este projeto com acompanhamento técnico custara cerca de R$ 12.000,00.

Sempre me questionei com algumas coisas do tipo: Porque ele não solicitou à minha secretaria para que desenvolvêssemos gratuitamente o tal projeto, já que nós desenvolvemos para a educação, obras, ação social, cemitério, bombeiros etc? Será que achou que não teríamos tempo? Era absolutamente necessária a contratação do mesmo? Quando ele fez a tomada de preços? Quais empresas participaram? Quem ganhou, já que não vi placa de empresa projetista nenhuma? Esse valor é compatível com o mercado, pois pelo que lá vi não foi construído nenhum prédio novo? Era necessário remunerar ninguém para acompanhar as obras já que a prefeitura dispõe de engenheiros saindo pelo ladrão? Também pelo que tenho ouvido, que o novo modelo padrão de PSF`s próprios do município está sendo desenvolvido pela mesma equipe que estava a sua disposição na época, então porque não nos foi solicitado o serviço?

Ele nunca me falou e também nunca o perguntei, mas com certeza ele deve ter tido seus motivos.

Mas voltando ao entamanhamento da cidade, o que realmente influencia para o não desenvolvimento de um municí-pio, no caso, Joaçaba, além da participação atuante da popu-lação no processo, é a falta de políticas públicas definidas nas diversas áreas de sua competência, transparência em algumas ações, obras estruturais e de grande envergadura como o que já sugeri aqui, incentivos para a fixação do homem no campo e para a retomada da agricultura como uma das principais eco-nomias do município, entre tantas outras, enfim, fazer uso da política em prol da sociedade acreditando que é possível. O resto é politicagem, você concorda comigo?

A opinião pessoal de alguém não pode ser colocada como condição para definição do rumo da cidade. Penso que a verda-de dele, nada mais é do que a sua verdade, assim, como a minha verdade é a minha verdade, e a sua é a sua, eu já abordei isso em outra ocasião. A sociedade organizada conjuntamente com o executivo e legislativo municipal, é quem devem estabelecer e definir o seu futuro. Ou isso já foi feito e eu ainda não sei? Se foi, peço desculpas pelos meus comentários.

A cada quinze dias, tenho passado quatro em Balneário Camboriú em busca de novas alternativas de negócios. É de se espantar com o movimento soberbo da construção civil, do mercado imobiliário, das grandes empresas que se instalam por lá, e aqui temos de ouvir certas pérolas. Éprácabá!

Já pensou se aparecesse um administrador público em algum momento da história de Balneário Camboriu e dissesse (ou diga) que a cidade não vai poder crescer (demografica-mente, economicamente, etc.), porque só possui 52 Km² de área territorial? Caraça!!!!

Pode até ser que Joaçaba seja pequena no sentido populacional, como mencionei antes, ou em virtude das dificuldades geográficas que ora está submetida, mas não querer ser pujante, economicamente aquecida, cidade das oportunidades, do futuro em consonância com sua bela história que jamais poderá ser esquecida, é o fim da picada.

Penso que ninguém quer ser como Chapecó, Balneário Camboriú ou qualquer outra cidade que seja. Joaçaba quer e tem que ser Joaçaba, tratada com respeito, esperança e admi-ração.

Não sei de onde o Secretário Ricardo Grando tirou essa história de Joaçaba ser um bairro de uma cidade grande. Acho que não pegou nada bem, ficou esquisito.

Quem sabe ele não quis fazer uma frase de efeito, como procurei fazer na minha fala da propaganda política da última eleição municipal, em que eu dizia: “Sou morador do centro, mas meu bairro é Joaçaba”, quando eu queria me referir que um vereador deve trabalhar por todos e não tão somente para uns, ou em outras palavras, fazer o bem, sem olhar a quem, em qualquer lugar?

Luiz Robério F. Dias
Arquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

9978-0960
Twuitter: LuizRoberio

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana. Cadê?

(Postado no Jornal Cidadela em 05/08/2010)

As cidades brasileiras precisam re-organizar os seus jeitos de circulação de veículos, pedestres e tornarem-se acessíveis.

Para tanto, foi criado em 2003 o Ministério das Cidades que tem sua estrutura subdivida em quatro grandes Secretarias Nacionais, sendo uma delas, a Secretaria Nacional do Trânsito, Transporte e da Mobilidade Urbana, secretaria esta, responsável por legislar, treinar, fomentar e patrocinar as políticas públicas destinadas à circulação e acessibilidade nas cidades.

Quando assumi a Secretaria de Infraestrutura no início de 2009, no momento da reforma administrativa, tive a preocupação de criar antenado com a modernidade, a Gerência de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana, afim de que tal gerência pudesse ser a responsável por este segmento, ou seja, onde as políticas públicas do município pudessem ser debatidas elaboradas, implementadas e fiscalizadas com a sociedade e com as autoridades polícias, em busca de caminhos alternativos para os nossos problemas.

No entanto, parece que a minha intenção ficou apenas no papel, haja visto que não tenho observado articulações entre a prefeitura e demais segmentos da sociedade acerca deste tema. Parece haver uma grande dificuldade em se ressuscitar (infeliz-mente), a zona azul e a conclusão da regulamentação da carga e descarga, que por sinal, deixei em andamento.

É pouco. Pouquíssimo e preocupante. O trânsito de Joaçaba está um verdadeiro caos, para não dizer outra coisa e vai ficar cada fez pior, se a prefeitura não tomar medidas energéticas, impactantes e descompromissadas com os possíveis interesses das “forças ocultas”.

Muitos são os motivos para que tal situação tenha se configurado: a demora da atuação do poder público, a falta de poli-ciamento nas ruas, a má educação de motoristas e pedestres, falta de espaço físico na cidade, o aumento constante na frota de veículos, só para citarmos alguns problemas.

Obviamente que não conseguiria responder a todos os problemas supracitados, até porque não são todos da esfera mu-nicipal, mas gostaria de dar algumas sugestões das quais pensei em trabalhar enquanto ente público, o qual não me foi oportunizado, já que a promessa da transformação da Gerência de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana em uma Coordenadoria, como fora combinado na ocasião da reforma do secretariado no início deste ano, não foi honrada.

Bem, não descartando o rodízio de veículos na cidade no futuro, é necessário e urgente um conjunto de medidas daquelas porretas e vanguardistas para que possamos melhorar um pouco essa bagunça e dar um fôlego maior à cidade. Algumas medidas são de cunho político-administrativo, outras das polícias, outras de engenharia e outras de educação da sociedade.

Inicialmente, veja só, o rolo da zona azul vai fazer um ano. Sou contra este sistema, mas estou convencido que neste momento é um mal necessário. Parece que ela vem com um preço em torno de R$ 1,00 a hora. Se for, podemos considerar como uma medida pífia, covarde e sem compromisso em resolver o problema de trânsito. Penso que deveria ser cobrado o mais caro possível, assim se coibiria abusos de circulação desnecessária de carros e motos no centro da cidade. Doendo no bolso das pessoas, aposto que já iria dar uma boa melhorada.

Isso seria um exemplo de uma medida político-administrativa, assim como regulamentar os locais, horários e tipos de veículos de carga e descarga, além é claro de oferecer incentivos fiscais para a criação de estacionamentos e edifícios garagens.

Segundo, botar a PM na rua fiscalizando e multando os motoristas abusados, inclusive, repreendendo os pedestres fol-gados. Já sei, não tem efetivo, que a prefeitura é que tem que criar a guarda municipal, mas essa seria uma medida das autoridades de segurança e trânsito.

Campanhas de conscientização e educação para motoristas e pedestres, se fazem necessário. Poderiam ser através de seminários, cartilhas ou palestras. Recursos há para isso, falta compromisso da prefeitura com a questão.

Além da educação dos pedestres, a mudança de hábito dos usuários de ônibus coletivo também é salutar, onde sugiro que estes, dividam uma corrida de táxi. Além de ser mais seguro, é mais confortável, pois não viajariam apertados nos ônibus, é mais rápido, logo, valendo apena o investimento.

Mas o que eu queria destacar mesmo como sugestão de melhoria em nosso trânsito, seria a criação do Transporte Coletivo Alternativo, o TCA.

Um TCA, nada mais é do que um meio alternativo de transporte ao sistema oficial, (ônibus, trem, barca, metrô, etc.), já que as cidades não conseguem mais dar respostas rápidas a crescente demanda de passageiros, como muito bem abordado no artigo Alternativas para o Transporte Coletivo, da Revista da Administração Municipal, do Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM, edição N. 264/2007.

Os próprios táxis são um exemplo de TCA. O sistema de moto-taxis também é uma forma de TCA, mas aqui em Joaçaba não creio que seja tão útil assim.

Objetivamente, a minha proposta seria o que já vem acontecendo desde 1990, inicialmente nas grandes cidades, e, hoje, já sendo adotado por pequenos municípios, que seria o uso de Vans para passageiros.

Mas na prática o que seria esse sistema e quais seriam seus benefícios?

Vejamos.

Inicialmente, seriam criadas linhas (percursos), conforme as necessidades da população. Qualquer uma. Estas linhas seriam exploradas alternativamente ao sistema oficial de transporte público do município, através de Vans de 16 lugares padronizadas e adap-tadas para transportar passageiros.

Não existiria a concessão das linhas criadas a uma única empresa. Seria constituída uma Cooperativa dos Transportadores Alternativos, onde cada cooperado poderia, no máximo, explorar três linhas, sendo que na ocasião da licitação das mesmas, seria feito um leilão ao contrário, onde venceria a menor tarifa, baseada num valor teto estipulado pela prefeitura. Isso garantiria melhores preços e evitar-se-ia desta forma, o monopólio de uma única empresa.

Ainda como benefício, estas Vans conseguem chegar a pontos da cidade onde hoje não é possível sequer com micro ônibus. Quem não sabe que há problemas de transporte lá para cima do antigo Sesi nas férias? Com esse sistema, isso não aconteceria mais. E para quem mora, por exemplo, no bairro Frei Bruno e que desembarca do ônibus na Av. Caetano Natal Branco e tem que subir 500, 600m ou mais, morro acima com compras, sol e chuva por que não há condução pra lá?

E que tal uma linha circular no centro onde poderíamos, por centavos, nos locomover com rapidez, e, principalmente, sem fazer deslocamentos desnecessários com os nossos veículos?

Teríamos linhas regulares para o interior, ou seja, esse sistema de TCA, seria capaz de tornar todo o território do município acessível, como é o objetivo da Mobilidade Urbana.

Mas cadê as políticas públicas do município para o Trânsito, Transporte e da Mobilidade Urbana? Pensar no assunto de forma isolada, desconectado com um contexto bem maior, não me parece sensato.

Bem, essas, em linhas gerais, seriam algumas sugestões que iríamos trabalhar para a resolução, ou ao menos na diminuição dos problemas mencionados, sem esquecer, é claro, da mudança do centro para a parte alta da cidade como elencamos no artigo anteri-or.

Quem sabe, um dia, essas e outras idéias mais, possam ser efetivadas em favor da sociedade Joaçabense, quando, de fato, Joaçaba for uma nova cidade.

Luiz Robério F. Dias
Arquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

9978-0960 ou luizroberio@globo.com
Twitter: @LuizRoberio

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Subir pra cima tá certo?

(Publicado no Jornal Cidadela em 22 e julho de 2010)
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Eu diria que sim, veja só, a grande maioria das coisas que precisamos resolver em nossas vidas aqui em Joaçaba, nos leva ao centro da cidade. É banco, é médico, é prefeitura, é o comércio, o carnaval e tudo mais.

O caos está instalado. Trânsito insolúvel, calçadas diminutas e mal cuidadas, assim como muitas edificações. Na real, o centro está obsolescente e insalubre.

Muito se fala em levar o "crescimento” para a parte alta da cidade, ou seja, para os bairros Nossa Senhora de Lourdes, Cidade Alta, etc, mas só falar a coisa não vai acontecer, tem que ter ação, e rápido.

Mas como?

A resposta é o plano diretor, pois ele tem essa função de direcionar, maximizar ou restringir o crescimento de uma cidade, que, aliás, é só o que ele tem feito ultimamente. É através dele que essa mudança deverá ser induzida e estimulada.

Acontece que a região alta da cidade não tem como absorver tudo como se pensa, e digo mais, será que tais comunidades concordam com isso?

É preciso uma estratégia muito maior, como a que vou propor, mas como medidas iniciais e básicas, deve-se restringir de imediato algumas atividades aqui no nosso adensado centro, tais como, novas agências bancárias, farmácias e drogarias. Esses tipos de atividades devem ficar nos bairros, assim evita-se que as pessoas se desloquem para o centro, exclusivamente para isso.

Outra medida simples e que ninguém fala por aqui é a criação do Plano Diretor Comercial e Industrial, que nada mais é do que um levantamento geográfico e quantitativo de tipos de comércios e empresas, a fim de se verificar onde há saturação ou deficiência para que essas atividades sejam deslocadas para outras áreas, conforme as possibilidades. Como beneficio adicional a esta medida, se evitaria a concorrência predatória desnecessária onde quebra quem já está estabelecido e não vinga quem está iniciando. Quem sabe a CDL e a ACIOC, juntamente com a prefeitura através da sua Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico, não se unam para tratar disso?

A medida mais séria, do ponto de vista da coragem, mas não da sua complexidade técnica, seria criar, por algum tempo, restrições nos índices urbanísticos (gabarito, taxa de ocupação, afastamentos, índice de aproveitamento de área e taxa de permeabilidade) da área central cidade. Tal medida desestimularia provisoriamente o crescimento neste local, ao passo que, ao contrário, ou seja, sendo generoso e responsável com tais índices urbanísticos em outra(s) região(ões) da cidade, paulatinamente faria com que as atividades da área central seja direcionado para outra(s) região(ões), de forma mais racional e organizada.

Ainda, para aqueles que acreditam que existem mais coisas diante nossos olhos do que tão somente a ponto de nossos narizes, proponho aos técnicos responsáveis que ora estão costurando o atual plano diretor, que ampliem o limite da nossa área urbana para termos um fôlego maior por alguns anos, uma espécie de “segunda chance” para a cidade, e também, conjuntamente com o Denit, que seja repensado o traçado da BR-282 a partir do trevo de acesso sul e até a altura da Vila Remor, fazendo-o passar por detrás dos bairros Claradélia e do Contestado.

Não, não tô maluco não, raciocine comigo, fazendo isso, ganharíamos uma grande nova avenida central para a cidade, criando o Centro Novo nesta região, onde poderiam ser construídos novos loteamentos, um novo centro comercial e institucional, entre outras coisas necessárias ao longo e no entorno do trecho remanescente da BR-282, de forma planejada utilizando os erros cometidos ao longo da história como norte para os acertos futuros.

A cidade, assim como o corpo humano, nos dá indicativos de que há algo errado com sua estrutura. Quanto maior o tempo de reação, mais doentes ficamos, quer dizer, a cidade vai “adoecendo”, logo, mais difícil e onerosa será sua cura.

Tal afirmação é melhor ilustrada pela arquiteta e professora doutora Vera Rezende em seu livro Planejamento Urbano e Ideologia, onde a mesma diz:

“Os espaços livres, avenidas, praças e jardins são os pulmões da cidade, o sistema respiratório. O sistema circulatório é o sistema viário, que reparte para todos os pontos do corpo urbano a substância necessária à vida e converge para o centro da cidade, o coração urbano. Até a própria rede de esgotos identifica-se com o aparelho digestivo. É necessário, portanto, que seus órgãos estejam em estado de exercer as funções que lhe são próprias.”

Uma cidade muito tempo sem obras estruturais, no futuro se obriga a realizar grandes intervenções como está precisando agora a nossa Joaçaba.

Pois é, ficar só pensando, falando e não agir concretamente achando que o “crescimento” vai acontecer sozinho para a Cidade Alta, pode ter certeza que a coisa não vai e só tende a piorar cada vez mais. Temos que ter o controle e ação sobre a situação, pois ao contrário, acontece como dito lá em 1985 pelo arquiteto Robson Casado de Góes também em seu livro, A cidade do Futuro: Iniciação ao Urbanismo do Século XXI:

“Está havendo significante inversão de valores: em vez de adaptarmos a cidade às nossas funções, estamos adaptando nossas funções à cidade. Com este proceder, o homem deixa de criar a cidade e a mesma inicia seu domínio sobre o homem”.

Não é o que está acontecendo? Não estamos sendo obrigados a nos adaptarmos aos espaços que nos “fugiram” do controle? É exagero?

Bem, as propostas para levar o “crescimento” futuro da cidade “para o alto” através de uma grande intervenção urbanística, estão lançadas e só precisam de polimento e detalhamento para serem debatidas com a sociedade. Temos que pensar grande, temos que pensar avante e precisamos de um prefeito com aquilo roxo para dar o ponta pé inicial, ir atrás de parceiros, do Denit, de recursos e tudo mais para a construção desse novo e necessário cenário.

Por isso, subir pra cima é indispensável e está certo mesmo, pensando e agindo com critério, responsabilidade, inteligência, e sem medo de ser feliz.

Luiz Robério F. Dias
Arquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Liderar líderes. Tarefa nada fácil, mas foi o que fiz.

(Publicado no Jornal Cidadela em 22 de julho de 2010)


Sim, é verdade, foi o que fiz no último ano e até a última quarta-feira, quando tivemos a mudança de diretoria do Rotary Club de Joaçaba. Passei o sino e o martelo ao meu amigo Maurício Omizzollo, que terá a responsabilidade de presidir nosso querido Club pelos próximos 365 dias. Desejo a ele e a sua diretoria, boa sorte, e contem sempre comigo.

Rapidamente, podemos explicar o que vem a ser o Rotary, como sendo "uma organização de homens e mu-lheres de negócios e profissionais liberais, unidos no mundo inteiro, que prestam serviço humanitário, que fomentam um elevado padrão de ética em todas as profissões e ajudam a estabelecer a boa vontade e a paz no mundo".

O Rotary foi fundado em 23 de fevereiro de 1905, na cidade de Chicago (EUA), por Paul Percy Harris (advogado) e mais três amigos, a saber, Silvester Schiele (negociante de carvão), Gustavus E. Loehr (engenheiro de minas) e Hiram Shorev (alfaiate).

Paul Harris ao criar o Rotary, pretendia se reunir com os amigos para falar sobre mútuos problemas de negócios. Paul sentia que ao falar sobre assuntos que diziam respeito a cada um deles seria benéfico não só para si, mas à comunidade em geral. Seus amigos gostaram tanto da idéia que passaram a ter encontros semanais, quando a denominação Rotary foi definida a partir da prática de rotação das reuniões entre os seus respectivos sócios.

Um Rotary Club, como dito, é composto por empresários e profissionais (homens e mulheres) de determinada comunidade, e que tenham aceitado o Ideal de Servir como base para obter uma realização completa de suas vidas na esfera pessoal, profissional e comunitária. É uma instituição apolítica, não-religiosa, e aberta a todas as culturas, raças e credos, sem qualquer preconceito.

Este ideal de servir se expressa, simbolicamente, através dos lemas básicos "Dar de Si Antes de Pensar em Si" e "Mais Se Beneficia Quem Melhor Serve", que na prática, se transforma em ações humanitárias nos campos do desenvolvimento humano, da educação, da saúde (como a campanha Pólio-Plus iniciada em 1985, visando à erradicação da pólio no planeta), do saneamento básico e da defesa do meio ambiente.

Além dos dois nossos lemas supracitados, temos ainda como norte ético, a Prova Quádrupla adotada pelo Rotary em 1943, sendo que as suas perguntas devem ser de conhecimento de todos os rotarianos e por eles obedecidas em qualquer situação de suas vidas, quais sejam:
1. É a VERDADE?
2. É JUSTO para todos os interessados?
3. Criará BOA VONTADE e MELHORES AMIZADES?
4. Será BENÉFICO para todos os interessados?

Neil Armstrong, Walt Disney, Thomas Edison, Bill Gates, Antonio Ermírio de Moraes são alguns exemplos de Rotarianos famosos.

No mundo, existem 1.428.761 Rotarianos(as) em 33.855 Clubs. Destes, 64.335 Rotarianos(as) estão divididos em 2.336 Clubs no Brasil.

Em nosso Club aqui em Joaçaba, fundado em 15 de março de 1951, que por sinal é muito tradicional, somos trinta. Vinte e sete companheiros e três companheiras, e com as portas abertas a líderes em seus segmentos que quiserem entrar nesta família, pois é assim como considero o Rotary Club. É só procurar um dos sócios para se informar como. Nossas reuniões acontecem toda quarta-feira, das 12:00h as 13:15h, na AABB.

Faço parte desta mencionada família desde junho de 2006, tendo como padrinho, o ex-vereador, professor universitário e publicitário, Jucelino Jorge Ferraz.

Neste ano de mandato, se não realizei tudo que gostaria, realizei tudo o que foi possível fazer. Muitas foram às ações de nossa diretoria, as quais podemos destacar, entre várias outras:
• Entregamos três jogos de agasalhos e três pares de tênis (um deles, doado de forma particular por um dos Companheiros), a alunas que praticam atletismo da Escola Rotary Fritz Lucht;
• Fui nomeado pelo Governador como membro da equipe distrital consultiva de Recursos Hídricos para o Rotary International;
• Participei do Seminário de Desenvolvimento do Quadro Social (DQS) em Tangará;
• Participamos da festa de natal da APAE, onde contribuímos com alguma verba e caixas de bombons.
• Realizamos Festiva de final de ano do nosso Club, com entrega de presentes às crianças, filhos(as), parentes e convidados(as) de nossos sócios;
• Inscrevemos um projeto do Club junto a Eletrosul e conseguimos R$ 50.000,00 para aquisição de um novo equipamento de hemodiálise para a UTI do HUST;
• Recebemos seis intercambistas argentinos que ficaram conosco durante uma semana;
• Enviamos nossa Intercambista Srta. Patrícia Welter a Buenos Aires;
• Participei da Conferência Distrital do Rotary em Xanxerê;
• Organizamos a Festiva do dias das mães com entrega de mimos as mesmas.
• Realizamos o nosso tradicional bolão de palpites para a copa do mundo;
• Doamos 54 edredons novos a Creche Irmã Sheila;
• Tivemos, infelizmente, a baixa de três companheiros (uma delas pelo falecimento do Companheiro Nestor Furlan), mas em contrapartida, obtivemos quatro novos companheiros, já que a minha meta quando assumi eram três.

Antes de ter sido presidente, fui secretário e vice-presidente. Agora, após de transmitido o meu cargo de presidente ao meu sucessor, fui escolhido pelo nosso Governador de Distrito, como seu Governador Assistente responsável pelos Clubs de Concórdia, Joaçaba e Luzerna.

Como o companheiro e colunista lá da página 3, Adgard Bittencourt, bem sabe, não é tarefa nada fácil liderar líderes, mas com a valiosa contribuição dele e a dos demais Companheiros, é possível sim.

Luiz Robério F. Dias
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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Somos mesmos obrigados a rezar a bíblia dos outros?

(Publicado no Jornal Cidadela do dia 15/07/2010)


Não, esse artigo não tem nada a ver com religião, e sim com um tema muito perigoso e preocupante: O bullying.

Bullying é um termo inglês que, em linhas gerais, é utilizado para descrever os atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir a terceiro(s), incapaz(es) muitas vezes de se defender(em).

Como visto, o bullying nada mais é do que uma forma de violência. É o uso da força ou poder por parte do autor (agressor) contra a outra (agredido/vítima). Esse uso da força ou poder é constituído por um conjunto de comportamentos ou ações que podem ser físicas (que afeta o corpo) e/ou psicológica (que afetam a mente). O resultado dessa força ou poder pode ter impacto negativo e nocivo sobre o bem-estar e a saúde da vítima.

O bullying pode se dar no âmbito social, religioso, esportivo, político, no trabalho, e eu acrescentaria até mesmo nas famílias, entre outros meios.

Na verdade, o que quero abordar aqui é a questão do bullying no trabalho. O bullying laboral é uma forma de violência que nenhum trabalhador está livre de ser acometido. Tal violência pode se dar por parte de um gerente, um supervisor ou outro colega de trabalho qualquer.

Trata-se, portanto, de um comportamento que intimida, humilha e degrada o trabalhador e, muitas vezes com conseqüências para a família do mesmo. É um caso de saúde pública.

Tal conduta é indesejável e viola a dignidade dos trabalhadores. Cria um ambiente de trabalho intimidatório, hostil, degradante, humilhante, ofensivo, improdutivo e insalubre

Concretamente, podemos apresentar algumas formas de bullying:
• Negação de contatos pessoais (o agressor não atende, fala ou olha para o agredido);
• Atribui-lhe tarefas difíceis ou até impossíveis de serem executadas;
• Acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada;
• Interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material de trabalho, roupas, etc,   danificando-os;
• Espalhar rumores negativos sobre a vítima (boatos);
• Colocar a vítima em situação constrangedora com alguém (geralmente uma autoridade), ou conseguir uma pena disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo agressor;
• Fazer comentários depreciativos sobre a família do trabalhador, sobre seu local de moradia, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o agressor tenha tomado ciência;
• Expressões ameaçadoras;
• Fazer com que a vitima passe vergonha na frente dos colegas de trabalho;
• Calúnia, chantagem, perseguição e vingança.

Em muitas ocasiões, tal violência é tão sutil que somente a vítima é capaz de observar.

Como conseqüência, a vítima sente-se humilhada, desmotivada, incompetente, e pode desenvolver síndrome de stress traumático, ter pesadelos, ansiedade, perda de apetite, e várias outras conseqüências prejudiciais para si.

Trabalhadores sendo intimidados ou assediados, ou seja, agredidos, por vezes reagem a algo que parece relativamente trivial, mas que pode ser a última gota na seqüência de uma série de conseqüências.

Muitas vezes a vítima tem medo de represá-lias de denunciar a agressão. Os colegas podem ser relutantes em apresentarem-se como testemunhas, como também os mesmos podem ter medo das conseqüências para si próprios.

Mas será que a omissão, a permissividade, a conivência e a tolerância devem ser a regra para que não percamos nossos empregos?

Se o caso a seguir não fosse uma incrível coincidência e que aos olhos de quem não acompanhou a questão, achará que fui vítima de bullying, o que não é verdade, mas o ocorrido foi que no último dia 21 comentei publicamente que o plano diretor elaborado pela Unoesc deveria ser jogado no lixo, isso pois, ouvimos com freqüência de que o mesmo não atende aos empresários (os atuais e os novos), aos cidadãos e a nós, profissionais da engenharia e arquitetura que vivemos de projetos e obras. No dia seguinte a este comentário, fui demitido desta instituição sem qualquer explicação do(s) motivo(s), conforme prevê a CLT.

Todos devem ser tratados com dignidade e respeito no trabalho, dentro e fora dele. A intimidação, a agressão e a intolerância, não devem existir no âmbito das empresas sérias.

Entender o que constitui bullying laboral é importante na criação e manutenção de um ambiente de trabalho onde todos se sintam bem-vindos, produtivos e protegidos, ou será que temos mesmo que rezar a bíblia dos outros para não sermos vítimas desta forma covarde e desprezível de violência?

Luiz Robério F. Dias
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