sexta-feira, 1 de outubro de 2010

QUANDO A PRÁTICA FICA NA TEORIA

(Artigo publicanado no Jornal Cidadela em 16/09/10)

Esta semana estava navegando pelo blog http://napraticaateoriaeoutra.org/, um blog sobre política e afins, meio esquerdoso, social-democrata não-tucano (nem anti-tucano), que acredita que o PT (e a rede de movimentos sociais que o compõem), ainda pode ser salvo de si mesmo, isso tudo dito pelo próprio dono do blog, achei interessante arriscar a escrever algumas linhas sobre o assunto.

Esquivando-me dos embates teóricos quanto à definição de Prática e Teoria, defino aqui, Prática como sendo a realização de uma teoria concretamente, enquanto Teoria é o conhecimento especulativo, puramente racional.

Quem de nós nunca prometeu começar uma dieta “na próxima segunda-feira” e não começou? Ou quem já prometeu para si mesmo que vai largar o vício do cigarro e não larga? Ou ainda, na virada do ano novo, durante a queima de fogos, o noivo para enrolar sua noiva, promete se casar em agosto (a gosto de Deus).

Não é curioso observarmos o porquê que muitas das coisas em que os homens dizem, pensam em fazer ou pior, prometem fazer, não o fazem?

Bem, aprendi que muitos podem ser os motivos para que isso aconteça: Pode ser por preguiça, por motivos psicológicos, por falta de planejamento, por serem promessas intangíveis para alguns, por motivos financeiros e, entre tantos outros, o político.

Ah, o político. Muitas das coisas em nossas vidas envolvem a política, não necessariamente a política partidária, mas a política do ponto de vista da estratégia e da negociação.

Vamos a um exemplo prático. Quando os galhos da árvore do seu vizinho invadem seu terreno e começa a sujar seu quintal, para que não haja desentendimento entre as partes, é necessário de que o incomodado bole uma estratégia para abordar o incomodante a fim de negociar a poda dos galhos sem conflitos. A isso, podemos dizer que é a política da boa vizinhança.

Se no caso do exemplo supra, a poda dos galhos da árvore for mais importante do que a manutenção de um convívio salutar e harmonioso com seu vizinho, então temos aí política da anarquia, da má educação, da falta de bom senso.

De uma forma ou de outra, a política, seja ela qual for, está sempre presente em nossos cotidianos.

Agora, quando a política é a partidária, aí fedeu! É na política é onde mais ouvimos promessas que muitas vezes, mais muitas vezes mesmo, não são colocadas em prática, e acabam ficando na teoria, não é mesmo?

A necessidade do poder pelo poder leva os políticos ao descrédito, por conta das promessas não cumpridas. Isto é a prática.

Estamos no período eleitoral onde é possível observarmos na TV que ainda existem alguns candidatos que nem sabem ao certo as atribuições do cargo a qual pretende se eleger. Tenho o privilégio de poder assistir também a propaganda eleitoral do Rio Grande do Sul e São Paulo. Fico pensando quantas daquelas propostas sairão da teoria e se tornarão em ações concretas.

No nosso caso caseiro, temos uma administração municipal que tem um plano de governo a ser cumprido. A sociedade aguarda e espera acreditar, que as promessas feitas na campanha pelo prefeito Rafael Laske, não fiquem no campo da teoria.

Algumas promessas contidas no tal plano de governo, têm gerado grandes polêmicas em nosso meio, tais como o Juros Zero que o prefeito Rafael andou noticiando nesta semana de que irá implementá-lo no próximo ano e o incentivo a proteção dos animais.

O Juros Zero, um projeto bom na teoria, visa oferecer suporte aos pequenos empreendedores em contraírem pequenos empréstimos em bancos, e com os juros bancados pela prefeitura. Ora como é de conhecimento público, o diminuto poder de fogo financeiro da administração tende a tornar tão boa iniciativa em difícil execução prática, ou seja, tende a ficar na teoria. É preciso que este projeto seja sustentável e uma ação contínua blindada dos costumeiros cortes financeiros quando o bicho pega no paço municipal.

Em relação ao incentivo a proteção dos animais, o modus operandi por aqui, é autorizar o funcionamento de circos e rodeios com uso de animais, contradizendo a prática (promessa de campanha), ou seja, também teoria.

Para que Joaçaba possa ser efetivamente uma nova cidade, é preciso muito mais do que ações convencio-nais, teóricas ou comprometidas com “forças ocultas”, como em alguns casos dá impressão.

A sociedade espera muito de seus governantes e ficam na expectativa de que algo bom vai acontecer. Nenhum político é perfeito, evidentemente, mas ele está ali pra ser aprovado ou não pelos cidadãos. Por isso é importante, se não puder fazer tudo que pedem, que ao menos concretize tudo o que fora prometido em campanha.

Não existe um político teoricamente bom. Não existe município teoricamente bem administrado. Não existe sociedade teoricamente satisfeita. Não existe isso de eu dizer que teoricamente vivo. A teoria tem que se concretizar na prática. A prática não pode ser a teoria. Porque ainda é tão longa a distância entre a prática e a teoria? Entre o discurso e o concreto?

Na prática, você concorda que Joaçaba não pode ser teoria?


Luiz Robério F. Dias
Arquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

Cel: 9978-0960
E-mail: luizroberio@globo.com
Twitter: @LuizRoberio
MSN: luizroberiodias@hotmail.com

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