terça-feira, 6 de julho de 2010

Como assim? As cidades têm dono?

(Publicado no Jornal Cidadela do dia 02/07/10)



Lógico que têm. É de todos os cidadãos de bem que pagam seus impostos, que nelas votam e que ajudam no seu desenvolvimento com o esforço árduo de seu trabalho. Simples assim.

Então Joaçaba tem dono? Tem sim, mas aí eu vejo essa parada meio sinistra. De direito sim, é minha é sua é NOSSA, mas de fato, será que também nos pertence? E uma coisa nos leva a outra, será que nossas ações cotidianas resultam em mudanças e tendências? Somos nós que decidimos os rumos das coisas nela? Nós temos poder efetivo de mando nela?

Bem, pelo que tenho visto e sentido, infelizmente eu acho que não. Parece haver grandes interesses de grandes grupos que não podem e não querem ser contrariados.

Não sei se você está concordando comigo, mas será que não seria correto imaginarmos que algumas entidades e instituições que se dizem “filantrópicas”, assim como algu-mas empresas que usufruem de doações de terrenos ou outros benefícios públicos, políticos inescrupulosos, empresários gananciosos, as imprensas branca e marrom, que, direta ou indiretamente e há anos tomam as decisões que querem e definem o nosso rumo? Que só pensam em seus próprios umbigos? Que definem quem pode ou não prosperar?

A este grupo eu o denomino de “forças ocultas”, aquelas que agem sem serem vistas. Na verdade aos meus olhos não são tão ocultas assim. Elas têm nome, cara e endereço certo, que, aliás, quando eu tiver a devida comprovação, irei listá-las aqui.

Só que acontece que a constituição federal nos garante o direito de vivermos em uma sociedade livre, justa, solidária e que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

Então você realmente acha que é justo “alguens” que não conhecemos ditem as regras das quais a maioria de nós não concordamos? Que tomem as decisões por nós? Acho que não né?

Então veja só, existe uma coisa que é inerente ao ser humano: o sentimento e a necessidade de pertencer a um grupo seja ele religioso, racial, cultural, sexual, geográfico ou social. Isso se chama “pertencimento”, no caso do presente texto, estou querendo me referir ao pertencimento social.

Tal sentimento individual de pertencimento social une os distintos indivíduos e os tornam membros efetivos de uma determinada sociedade, onde os mesmos democraticamente passam a expressar seus valores e cobrar seus direitos, bem como os dá o dever de serem membros partícipes da sociedade em que vivem.

Mas voltando a questão: É isso efetivamente que vêm acontecendo? Veja, se as cidades nos pertencem e temos o direito de opinar e atuar em suas concepções e não o estamos exercendo e deixando as coisas nas mãos dos oportunistas, então o poste está fazendo xixi no cachorro, ao invés do contrário, oras bolas......

Nossas efetivas participações nas decisões só acontecerão quando entendermos que nós todos somos os donos efetivos da cidade em que vivemos. Fazer valer a nossa necessidade básica de pertencimento social. Este entendimento precisa estar intrínseco em nossas mentes para que não mais possamos ser apenas cumpridores de atividades e rotinas, muitas vezes sem nos darmos conta, e estabelecidas por não sabemos quem.

O nosso espaço ocupado indevidamente ao longo dos anos deve voltar TAMBÉM a ser ocupado por nós. Estamos esperando o que?

É, eu sei que você deve estar se perguntando então o que devemos fazer, não é mesmo? Bem o voto consciente e responsável, sem dúvida, é a nossa maior arma para resolvermos a questão política, mas o que fazermos com as outras forças ocultas que não são políticas?

Bah! Aí o bicho pega! Sinceramente não sei res-ponder, e nem sei se existe reposta certa e definitiva para isso, mas ficarmos na zona de conforto esperando que alguém resolva nossos problemas ou que decidam por nós, com certeza não é ao melhor caminho. Quem sabe a mobilização popular e de forma organizada em associações de bairros (desde que não estejam politizadas), organizações não-governamentais (ONG`s), associações de pais e professores (APP`s), clubes de serviços, sindicatos e associações de classes e sindicais? Isso tudo e a não omissão me parece ser um primeiro caminho.

Outra sugestão, mas não tão simples é identificarmos essas forças ocultas e procurar sermos parceiros delas para crescermos juntos e de forma harmônica, e, não sendo possível, boicotá-las se for necessário.

Seria utopia o meu pensamento? Uma coisa inatingível e absurda? Tenho convicção que não, assim como igualmente tenho a convicção de que qualquer cidadão tem o direito a viver e não tão simplesmente morar em Joaçaba, pois como visto, é prerrogativa constitucional de todos nós. É um direito nosso, logo temos sim o direito de participarmos nas decisões desta cidade, já que a nós nos pertence, SEM EXCEÇÃO!

Bem, enquanto nada de efetivo fizermos, as forças ocultas continuarão sendo as ervas daninhas querendo mandar no florido jardim da democracia.

É, eu sei, a frase ficou clichê, mas está errada? Creio que não.

Então concluindo, Joaçaba não seria só um jardim caso os buracos de suas ruas fossem flores, mas é um belo jardim de fato pelo seu povo positivo, ordeiro e feliz, apesar dos pesares.

Luiz Robério F. DiasArquiteto e um interessado pacato cidadão de bem.

9978-0960 ou luizroberio@globo.com
Twitter: @LuizRoberio

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